Trump anuncia nova ordem executiva sobre sistema eleitoral nos EUA Presidente tem justificado medidas com alegações de fraude generalizada e participação de não cidadãos nas eleições do país
Mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (30) que pretende assinar uma ordem executiva determinando a obrigatoriedade da apresentação de documento de identidade em todas as eleições do país. A medida, segundo ele, busca “reforçar a segurança do processo eleitoral” e restringir modalidades de votação que considera vulneráveis a fraudes.
Em publicação feita na sua rede social, Truth Social, Trump defendeu mudanças profundas no sistema eleitoral norte-americano:
“Documento de identidade eleitoral deve ser exigido em cada votação. SEM EXCEÇÕES! Vou assinar uma ordem executiva para isso!!! Além disso, nada de voto pelo correio, exceto para pessoas muito doentes e para militares que estão longe. USEM APENAS CÉDULAS DE PAPEL!!!”, escreveu.
A declaração reacende o debate sobre a integridade do sistema de votação nos Estados Unidos. Desde as eleições de 2020, quando foi derrotado por Joe Biden, Trump e aliados têm levantado suspeitas – nunca comprovadas – de fraude generalizada, especialmente em estados que adotaram o voto antecipado e o voto pelo correio.
Atualmente, o processo eleitoral norte-americano é descentralizado: cada estado define suas próprias regras de registro e de votação. Alguns exigem apresentação de documento com foto, como carteira de motorista ou carteira de identidade estadual, enquanto outros permitem a participação apenas com assinatura em registro oficial. O voto pelo correio, por sua vez, é uma prática comum em diversos estados, utilizada tanto por eleitores que não podem comparecer presencialmente quanto por aqueles que preferem a modalidade.
A proposta de Trump, no entanto, pode enfrentar barreiras legais. Especialistas lembram que mudanças estruturais nas eleições geralmente precisam ser aprovadas pelo Congresso ou pelos próprios estados, uma vez que a Constituição dos EUA dá ampla autonomia às unidades federativas na condução do processo eleitoral. Dessa forma, ainda que a ordem executiva seja assinada, há possibilidade de que seja contestada nos tribunais.
Grupos favoráveis à medida argumentam que a exigência de documento de identidade ajudaria a evitar irregularidades e aumentar a confiança dos eleitores. Por outro lado, críticos afirmam que a proposta pode restringir o direito ao voto, principalmente de cidadãos de baixa renda, idosos e minorias que enfrentam mais dificuldades para obter documentos oficiais.
Analistas políticos avaliam que a iniciativa também tem um componente eleitoral e estratégico. Trump já está em campanha para as eleições presidenciais de 2024 e tem usado a pauta da “segurança eleitoral” como bandeira para mobilizar sua base. Para os opositores, a medida reforça a narrativa de que o atual sistema seria falho, algo que já foi repetidamente refutado por auditorias e cortes judiciais.
Caso avance, a ordem executiva prometida por Trump pode abrir uma nova frente de disputa jurídica e política nos Estados Unidos, aprofundando as divisões sobre o futuro das eleições no país.
Comentários (0)