CPI do INSS: CGU diz que alertou sobre fraudes desde 2019, mas INSS ignorou recomendações
Brasil

A diretora de Previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Mota, afirmou nesta quinta-feira (5), à CPI do INSS, que os primeiros alertas sobre fraudes em aposentadorias chegaram ainda em 2019. Mesmo após novos avisos em 2024, a recomendação para suspender acordos com entidades suspeitas foi ignorada pelo então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Segundo Eliane, as primeiras denúncias partiram do Ministério Público do Paraná, com base em reclamações de beneficiários que estranharam o aumento repentino das cobranças. Apesar disso, só em 2025, depois da operação da Polícia Federal, os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) foram suspensos.
— Ele disse que faria uma análise, mas nada foi feito até a deflagração da operação — afirmou a diretora, que atua há 24 anos no órgão.
Relatório aponta fraudes em massa
Um relatório da CGU divulgado em maio apontou que, desde 2016, foram identificadas inserções em massa de descontos suspeitos, principalmente nos anos de 2018, 2023 e 2024. O documento revelou 59 situações em que uma mesma entidade incluiu mais de 50 mil descontos em apenas um mês, o que significaria cerca de 2.500 autorizações por dia útil — algo praticamente impossível dentro da normalidade.
Frei Chico e o Sindnapi no radar
A CPI também aprovou a quebra de sigilo das pessoas que tinham procuração para atuar pelo Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical (Sindnapi), entre 2015 e 2023. A entidade tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula. Os parlamentares querem verificar se houve envolvimento direto ou indireto do dirigente com o esquema de descontos.
“Careca do INSS” e movimentação milionária
Outro alvo é Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, acusado de ser um dos operadores do esquema. De acordo com relatórios da PF, ele movimentou R$ 53 milhões vindos de entidades sindicais e empresas ligadas ao esquema, embora declarasse renda oficial de apenas R$ 24 mil por mês.
Antunes, que não respondeu às convocações da CPI, será intimado pela Polícia Legislativa e deve depor no próximo dia 15. O empresário Maurício Camisotti também foi intimado e deve comparecer no dia 18. Ambos já tiveram prisão preventiva e quebra de sigilo pedidas pelo colegiado.
Ex-ministros na linha de frente
Na próxima semana, a CPI ouvirá dois ex-ministros da Previdência. Carlos Lupi (PDT), demitido em maio em meio ao escândalo, falará na segunda-feira (8). Já na quinta (11) será a vez de José Carlos Oliveira, que comandou a pasta durante o governo Bolsonaro.
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